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No mundo pós-pandemia as pessoas serão as mesmas?

Podemos dizer que a pandemia do novo coronavírus mudou o mundo. Ações, hábitos, pensamentos e até mesmo as pessoas. O vírus afetou todos os setores. Política, economia, cultura, esportes, sociedade em geral sofreram um baque com as medidas de proteção, que incluem isolamento social e fechamento de diversos estabelecimentos, causando uma crise mundial.

Entretanto, apesar de tudo, esse período vai passar. Será que o mundo voltará ao normal, como conhecíamos anteriormente? Como as pessoas e as relações vão se comportar após um momento onde qualquer contato pessoal causa medo?

Refletindo sobre o assunto, a psicanalista Marta Úrsula Lambrecht, o médico Mauro Sizer, o arquiteto Eduardo Pereira, o filósofo Roberto Romano, o cientista político Walter Celeste e a sexóloga Néri Mariussi falam sobre suas visões de mundo pós-pandemia e como lidaremos com o que encontrarmos quando a situação se normalizar. Mas afinal, ela será mesmo normalizada?

Começo com o óbvio: o amanhã é um enigma, uma incógnita; no entanto, amparada na minha condição de médica, acredito ferrenhamente nos avanços da ciência, que vieram ao nosso encontro nos momentos mais sombrios.

Sustentada na minha condição de psicanalista que, por longos anos, lida com as obscuras tramas da mente, dou um voto de confiança às forças internas de vida, que pulsam para se sobrepor a todas as outras forças destrutivas, e assim nos permitem sobreviver, ao lançar mão da capacidade de resiliência, que nos ancora quando estamos prestes a sucumbir.

Esforço-me em acreditar que, como uma engrenagem, juntos, lutaremos para que o bom senso e a sensatez de quem nos governa imperem, porque isso também passará.

Fomos surpreendidos por um choque violento, nunca vivido antes e que ameaça a continuidade da vida. O dia a dia virou cambalhota, a rotina ficou de pernas para o ar e de cabeça para abaixo, a vida se transformou de repente, e os valores mudaram de ordem.

O compadecimento e a compreensão do sofrimento do outro são uma condição imprescindível para aliviar a dor da perda de um ser querido. Despojados dessa inestimável ajuda, as feridas não se fecham, e a solidão passa a ser o companheiro de todas as horas.

Cabe dar um destaque especial para as plataformas virtuais, sem as quais a vida talvez tivesse parado no tempo, e o tempo se desmanchado no seio de nossa finitude. Levantemos com esperança o olhar para o além e confiemos que isso também passará.

MARTA ÚRSULA LAMBRECHT é psicanalista.

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