Reflexão

Terra das Águas

Ao arrumar as malas para fugir da fome que assolava a Europa, em meados do Século XIX, Herr Blumenau recebeu 2 orientações: rumar para o que hoje é SC (pois lá já havia outros imigrantes alemães) + tomar cuidado com os indígenas do Vale do Itajaí-Açu, “por serem muito violentos”.

  • Chegou naquele setembro de 1850. Subiu o rio com todo o cuidado; tomado também ao chegar: identificou onde os indígenas habitavam (num platô, após uma pequena encosta) e se estabeleceu do outro lado do rio com seus 17 companheiros e suas famílias.
  • Plantaram. Colheram…. sempre monitorando os indígenas.
  • Estranhou que, passado 1 ano, 2 anos, eles não os atacaram nem deram o ar da graça.
  • Tomou coragem e resolveu ir, com uma missão de boa-vontade, visitar as tribos que ali viviam. Levou alguns presentes. O cacique o recebeu, em princípio desconfiado com aqueles brancos, loiros, altos. Mas até no que pode-se considerar “cordialmente”.
  • Parecia até mineiro: começou falando das vicissitudes na Europa; das razões de ter migrado para o Brasil; do “mal jeito” de terem se assentado “nas terras de vocês”…. e tal e coisa.
  • Depois de várias horas, já se sentindo até meio que acolhido, resolveu esclarecer sua curiosidade. Revelou ao cacique e seu “estado maior” os cuidados que lhe recomendaram, ainda na Alemanha, com os “indígenas violentos” (agora à sua frente!); algo que não se confirmou, como se via naquela roda, já tomando uns tragos oferecidos pelo cacique.
  • O espanto aumentou quando o este lhes disse: “mas aquelas terras não são nossas!”.
  • Espantado, meio sem jeito, Herr Blumenau ousou perguntar: “então de quem são?”…
    … ao que o cacique respondeu: “das águas!”.

[A história daí em diante é conhecida… e lembrada, quase que regularmente, a cada 15 anos].

Por Stela Goldstein

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