Pacote de Doria culpa pandemia por cortes em pesquisa e serviços de saúde
O projeto de lei proposto na semana passada pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), culpa os impactos econômicos decorrentes da pandemia de covid-19 para pedir aos deputados estaduais que aprovem de uma única vez a extinção de dez empresas públicas, fundações e institutos de pesquisas. O pacotaço também manda tirar dinheiro das universidades públicas e da Fapesp, a principal fomentadora de pesquisa acadêmica no estado, e manda fechar instituições tão diferentes quanto o Zoológico, a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) e a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos).

O projeto também afeta instituições de saúde que são referência nacional, como a Fosp (Fundação Oncocentro de São Paulo), responsável por produzir próteses faciais para pacientes recuperados de câncer na cabeça e pescoço. Com “medidas voltadas ao ajuste fiscal”, a intenção, segundo o governo, é tapar o rombo de cerca de R$ 10 bilhões provocado pela pandemia do novo coronavírus —cujo impacto trouxe queda significativa da atividade econômica e aumento de despesas. A estimativa de perda de arrecadação em 2020 é de quase R$ 27 bilhões. Para 2021, o estado prevê uma economia com crescimento em ritmo menor do que a queda registrada neste ano, com despesas da mesma ordem.
Mas a forma como a proposta foi apresentada gerou protestos. Eduardo Marques, professor de Ciência Política da USP (Universidade de São Paulo) e diretor do Centro de Estudos da Metrópole, diz que o projeto é “imensamente apressado e junta uma quantidade muito grande de assuntos complexos numa única peça”.