O amor mais puro não pede nada em troca
Sob um toldo rasgado e esquecido pelo tempo, cercado por restos de papelão e lixo, vivia uma cadela de olhar cansado. Seu pelo estava opaco, seu corpo magro, mas ainda assim, ela tinha um propósito: seu filhote. Ele nascera na rua, frágil e pequeno, com patas trêmulas e um choro abafado pelo caos da cidade. Ela o protegia, aquecia, lambia com carinho e, todas as noites, prometia a si mesma que faria qualquer coisa para mantê-lo vivo.
Quando o pequeno dormia, ela saía em busca de comida. Vasculhava quintais, percorria mercados, espiava contêineres na esperança de encontrar algo. E então veio o dia de sorte: um pedaço de frango caiu de uma barraca. Ela correu para pegá-lo. Mas no instante seguinte, uma barra de metal foi arremessada contra seu corpo. O golpe foi cruel, rasgando sua carne e fazendo a dor ecoar em cada fibra.
Ela caiu. Mas não soltou a comida.

Com esforço, ergueu-se sobre patas trêmulas e, cambaleando, começou o caminho de volta. Porque em casa, em meio aos destroços e ao frio, seu filhote esperava. E ele não deveria acordar com fome.
A caminhada foi longa. Ela caiu, levantou, arrastou-se. O mundo parecia desabar à sua volta. Mas quando chegou, colocou a comida ao lado do pequeno e, sem força para mais nada, deitou-se ao lado dele. Cobriu-o com a cauda, respirou fundo… e nunca mais se moveu.
Na manhã seguinte, o filhote acordou. Farejou a comida, feliz. Roçou o focinho contra sua mãe. Mas ela não respondeu. Confuso, aninhou-se a ela, sem entender o frio que lhe envolvia.
Horas depois, transeuntes os encontraram. A cadela imóvel, o filhote agarrado a seu peito.
O pequeno foi levado para um abrigo. Cresceu, brincou, aprendeu a confiar. Mas toda vez que havia comida, separava um pedaço antes de comer. Como um gesto inconsciente. Como uma lembrança de algo que ele não sabia explicar.
E à noite, às vezes, chorava em seu sono.
Não de medo.
Mas porque, em algum lugar dentro dele, ainda esperava por aquele calor que nunca mais voltou.
🔹 Moral: O amor mais puro não pede nada em troca. Ele se entrega, se sacrifica, se eterniza.
E, mesmo que aqueles que nos amaram tenham partido, eles permanecem em nós. Nos gestos, na memória, na força que nos ensinaram a ter.
Fonte: Facebook Histórias contadas