História que o povo conta

Bruno e Luna

Ele não a deixou mesmo quando ela não podia mais andar…

Bruno e Luna eram dois cães de rua, vivendo nos arredores de um movimentado mercado urbano. Eles não tinham coleiras, nem uma casa aconchegante, nem um pote com seus nomes — apenas um ao outro. Mas, talvez, esse «um ao outro» fosse tudo o que realmente precisavam.

Todas as manhãs começavam juntos: Luna levantava primeiro e acordava Bruno gentilmente, tocando seu focinho. Eles caminhavam pelas ruas conhecidas em busca de comida, passavam por açougues, paravam em frente à padaria, olhavam nos olhos dos transeuntes. Não latiam, não mendigavam — apenas olhavam, silenciosamente e de forma penetrante. Alguns desviavam o olhar, outros sorriam e jogavam um pedaço. Bruno sempre deixava Luna comer primeiro.

Nos dias frios, eles se deitavam em uma caixa forrada com trapos que um velho vendedor de peixes lhes havia dado. Ele conhecia esses cães pelo nome, sabia que já estavam juntos há alguns anos. Às vezes, ele até conversava com eles como se fossem pessoas.

— Então, apaixonados, ainda firmes? — dizia ele, jogando uma cabeça de peixe.

E eles seguiam firmes.

Mas um dia, tudo mudou. Um carro vindo da esquina, rápido demais, abruptamente demais… Luna não conseguiu saltar para o lado. Seu grito agudo pareceu ecoar por todo o mercado. Ela tentou se levantar — mas não conseguiu. As patas dianteiras tremiam de dor, as traseiras ficaram imóveis.

Bruno correu até ela, confuso. Ele lambeu seu rosto e, em seguida, começou a correr de um lado para o outro: corria para as pessoas, choramingava, olhava suplicante. Mas ninguém parou.

Ela ainda conseguiu arrastar-se até sua caixa. E deitou-se ali. Por um longo tempo.

Desde então, Bruno não se afastou dela. Ele trazia comida, afastava outros cães, aquecia-a com seu corpo quando o vento gelado soprava. Todas as noites, ele se deitava ao lado dela, pressionando o focinho em seu pescoço, como se verificasse — se ela ainda estava respirando.

Passaram-se alguns dias.

Até que um dia, na madrugada, Bruno apareceu no mercado. Ele encontrou um pedaço de salsicha, encontrou um pouco de pão e… não comeu um pedaço sequer. Ele se virou e correu de volta — com a comida entre os dentes.

Essa cena foi vista por uma mulher vendendo verduras. Ela ficou impressionada com a expressão nos olhos do cão. Ele não parecia com fome — parecia preocupado. Ela o seguiu. E quando chegou à caixa… congelou.

Lá estava Luna. Magra, exausta, mas com olhos vivos e calorosos. Quando Bruno colocou a comida diante dela, ela lambeu seu nariz. Isso foi um obrigado.

A mulher não conseguiu ir embora. Uma hora depois, voluntários chegaram à caixa. Eles levaram ambos.

Luna foi examinada por um veterinário. Havia uma chance. Devagar, com dificuldades, mas havia. Bruno não se afastou dela nem mesmo na clínica. Ele choramingava quando a levavam para exames. E então se aninhava a ela tão firme quanto podia.

Após dois meses, Luna deu seu primeiro passo. Não, ela não correu — mas conseguiu se levantar. E Bruno olhou para ela como alguém que assiste a um milagre.

Agora eles têm um lar. De verdade, aquecido, com um cobertor na lareira e tigelas com seus nomes. Eles ainda estão juntos, como antes. Só que já não na chuva, não no asfalto frio, não com medo.

E sabe o que é surpreendente?

Eles não perderam a confiança nas pessoas. Eles acreditam. Porque um dia, apenas um olhar, uma foto e uma mulher bondosa — mudaram tudo.

Então, quem ensina a bondade — nós a eles? Ou eles a nós?

Fonte: Facebook – Luta pelos animais

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