História que o povo conta

A cachorra sentada na beira da estrada

Os motoristas ficaram surpresos ao descobrir o motivo pelo qual uma cachorra exausta não saía da beira da estrada há duas semanas.

Uma estrada cinza e esburacada se estendia entre duas aldeias, onde os carros passavam raramente. Não era uma rodovia, nem uma via movimentada, mas apenas um trecho antigo, quase esquecido, cheio de buracos e poeira. No entanto, desde meados de março, os motoristas que passavam por ali começaram a notar algo estranho.

Na beira da estrada, uma cachorra estava sentada. Não correndo, não latindo, não procurando comida. Apenas sentado. Dia após dia. Preta e ruiva, coberto de carrapichos, com um olhar vazio e balançando a cabeça de cansaço. Parecia que ela estava esperando alguém. Ou algo.

— Ela estava lá de novo, exatamente no mesmo lugar — contou Luca, um caminhoneiro que passava por essa rota a cada três dias. — No começo, pensei que talvez tivesse perdido alguém. Mas depois de uma semana, percebi — isso era algo diferente. O olhar dela… não era de cachorra. Como se soubesse que ninguém voltaria, mas ainda assim esperava.

Algumas pessoas tentaram se aproximar, mas a cachorra recuava, como se estivesse protegendo uma fronteira invisível. Um deixou água, outro — algumas salsichas. Ela comia relutantemente, como se a comida não fosse o motivo pelo qual ela ficou ali.

Quase duas semanas se passaram. E, em algum momento, um dos motoristas, Martin, decidiu ficar. Ele estacionou por perto e apenas observou do carro. Ele não era voluntário ou protetor dos animais. Apenas algo dentro dele não permitiu que fosse embora.

À noite, começou a chover. A cachorra aninhou-se à beira da estrada, mas não saiu do lugar. Martin saiu do carro, pegou um guarda-chuva e se aproximou lentamente. Para sua surpresa, ela não recuou. Apenas olhou. Naquele olhar, havia tudo: saudade, esperança, dor e uma pergunta silenciosa: «Você não vai mentir?»

Ele se sentou ao lado. A chuva batia no guarda-chuva. Passaram-se cerca de quinze minutos antes que ela deitasse ao lado, ainda cautelosa, mas mais próxima do que antes. Martin olhou para o chão sob seus pés. Lá, quase coberto de poeira, estava um pequeno crucifixo de madeira. Feito à mão, torto, mas o corte era fresco. Na tábua — gravado: Bello.

Martin entendeu tudo. Alguém havia enterrado ali seu amigo. Talvez outro cachorro. Talvez uma pessoa. Ou quem sabe um filhote. Ela ficou. Para proteger. Para estar perto. Porque amor não é apenas alegria. É lealdade. Mesmo quando tudo já está perdido.

Na manhã seguinte, Martin voltou com comida e água. A cachorra não resistiu. Ela estava fraca, mas parecia permitir que ele assumisse a responsabilidade. Dois dias depois, ela já estava deitada em um colchão macio na casa dele, com uma tigela limpa e um olhar que pela primeira vez em muito tempo não tinha dor.

Agora ela se chama Lila. Ela está se recuperando devagar. Ainda não gosta quando as portas são fechadas — talvez tenha medo de ser deixada novamente. Mas todas as noites ela se deita aos pés de Martin, e ele sabe — ela escolheu ficar.

Ele deixou o crucifixo no carro, como uma lembrança de que a lealdade não tem palavras. Só tem olhos, que continuam esperando. Mesmo quando já ninguém mais volta.

Às vezes, os verdadeiros heróis estão sentados à beira da estrada, silenciosamente protegendo aquilo que para eles era o mundo inteiro.

Fonte: Facebook Creditos a página 15min Portugal

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