12 ditados populares que você falou errado a vida inteira
Você sabia que o certo é “cuspido e escarrado”e não “esculpido em carrara”? Veja 12 ditados populares que você provavelmente falou errado e o que realmente significam
Os ditados populares fazem parte da nossa cultura oral há séculos. Passados de geração em geração, carregam sabedoria, ironia e até críticas sociais disfarçadas de humor. Mas, como toda tradição oral, esses provérbios sofreram alterações com o tempo, o que resulta em versões distorcidas, engraçadas e até sem sentido.
Você já disse “cor de burro quando foge”? Ou quem sabe “quem tem boca vai a Roma”? Pois é, talvez você tenha repetido esses ditados a vida toda… do jeito errado. Vamos desvendar os equívocos mais comuns, e a história por trás de cada expressão.
12 ditados populares falados errado e o certo de cada um
1. “Cuspido e escarrado”
Errado: Esculpido em carrara
Certo: Cuspido e escarrado

Origem: Embora muitos acreditem que a forma certa seja “esculpido em carrara”, referência ao mármore branco da região de Carrara, na Itália, o correto é mesmo “cuspido e escarrado”. A expressão vem do português arcaico e significa que alguém é muito parecido com outra pessoa, como se tivesse sido “cuspido” de dentro dela. A palavra “escarrado”, longe de ser um erro grosseiro, é uma forma enfática, comum no português do século 19 que reforça o sentido de semelhança extrema.
2. “Cor de burro quando foge”
Errado: Cor de burro quando foge
Certo: Corro de burro quando foge

Origem: Trata-se de uma metáfora popular que remete à ideia de fugir rapidamente de uma situação confusa, sem saber ao certo o que está acontecendo, assim como alguém que sairia correndo ao ver um burro desgovernado fugindo.
3. “Quem tem boca vai a Roma”
Errado: Quem tem boca vai a Roma
Certo: Quem tem boca vaia Roma
Origem: O “vaia” vem de vaiar. O provérbio remete à ideia de que quem tem voz pode expressar-se, protestar, como na Roma antiga.

4. “Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão”
Errado: Esparrama
Certo: Espalha a rama
Origem: Na botânica, a “rama” é o conjunto de ramos e folhas. Quando nasce, a batata não esparrama: ela espalha suas ramas pelo solo.
5. “Hoje é domingo, pé de cachimbo”
Errado: Pé de cachimbo
Certo: Hoje é domingo, pede cachimbo

Origem: Versinho de roda, distorcido ao longo dos anos. O correto era “pede cachimbo”, ou seja, dia de descanso, em que se fumava cachimbo como símbolo de lazer.
6. “Ossos do ofício”

Errado: Ossos do ofício
Certo: Ócios do ofício
Origem: Aqui temos uma falsa correção. Na verdade, o correto é mesmo “ossos do ofício”, e a ideia é que toda profissão tem suas dificuldades, seus “ossos duros de roer”. A confusão com “ócios do ofício” é moderna e sem registro em dicionários ou textos clássicos.
7. “Quem não tem cão caça com gato”
Errado: Quem não tem cão caça com gato
Certo: Quem não tem cão, caça como gato
Origem: A expressão original traz o “como” com sentido de modo de agir. Ou seja, quem não tem cão, caça de maneira sorrateira, sozinho, como o gato faz. Com o tempo, a oralidade transformou “como” em “com”, e deu ao ditado uma interpretação errada.
8. “Quem pariu Mateus que o balance”
Errado: Quem pariu Mateus que o balance
Certo: Quem pariu, que o mantenha e balance
Origem: A expressão popularizada, “Quem pariu Mateus que o balance”, tem o mesmo sentido da forma mais antiga: quem cria uma situação, deve arcar com ela. A diferença está na forma de dizer. Com o tempo, como acontece com muitos ditados, a frase foi encurtada e simplificada pela oralidade.
9. “Parece que tem bicho-carpinteiro”
Como em outros casos, não dá para saber qual o certo e qual é o errado. Tem os que dizem que é bicho-carpinteiro mesmo.
Segundo o Houaiss, bicho-carpinteiro é o nome popular de “diversas espécies de besouros, especialmente das famílias dos buprestídeos e cerambicídeos, que durante o estágio larvar brocam troncos e cascas de árvores”. Faz sentido então, quando uma criança não para quieta, dizer que parece que tem pequenas larvas em seu corpo que a fazer ficar se mexendo um tanto.
Por outro lado, correu a internet a versão de que o certo era: “parece que tem bicho no corpo inteiro”. De uma maneira ou de outra, o significado combina em ambas.

10. “Enfiou o pé na jaca”
Outro exemplo que tem duas versões que são consideradas corretas. A expressão se refere aos exageros que cometemos vez ou outra, seja em relação à bebida, à comida. Faz sentido imaginar algo de exagero quando se pensa em um pé dentro de uma jaca.
Mas, também existe “enfiou o pé no jacá”. Isso porque, antigamente, na frente dos bares haviam grandes cestos feitos de palha, chamados de jacá. Assim, depois de passar da conta no bar, as chances de sair de lá metendo o pé no jacá eram grandes.
11. “Caiu no gosto do povo”
A expressão popular tradicional é realmente “cair no goto”, um sinônimo informal de glote. Mas a palavra goto caiu em desuso com o passar do tempo, além de não parecer ser algo agradável como “caiu no gosto do povo”, uma vez que ao tocar a glote, o que é provocado é um engasgo.
12. “Faca de dois legumes”
- Errado: Faca de dois legumes
- Certo: Faca de dois gumes
Origem: A expressão correta, “faca de dois gumes”, refere-se a uma situação que pode ter tanto aspectos positivos quanto negativos, simbolizando algo que pode “cortar para os dois lados”. No entanto, devido à menor familiaridade com o termo “gume” (que significa o fio ou parte cortante da lâmina), muitas pessoas substituíram por “legumes”, criando a versão incorreta. Essa troca, embora errada, tornou-se popular e é frequentemente usada de forma irônica ou humorística.
Quando uma expressão é repetida de forma errada por gerações, ela acaba se tornando um novo registro da língua. Da próxima vez que usar um desses provérbios, lembre-se: além de saber o que está dizendo, você estará ajudando a manter viva a memória da nossa cultura popular.