Depois a gente se fala
— Você não precisa mais de mim. — disse o pai, sorrindo na despedida.
Daniel estava de mudança para outra cidade. Novo emprego, nova vida.
Prometeu voltar aos fins de semana… mas os fins de semana viraram meses.
E depois, anos.
O pai ainda ligava de vez em quando. Às vezes, para saber como ele estava. Outras, só para ouvir sua voz.
Daniel, quase sempre apressado, respondia:

— Depois a gente se fala, pai. Estou cheio de coisas pra fazer.
O tempo passou, como sempre passa.
Até que uma noite, o telefone tocou.
— Seu pai está no hospital… Não sabemos quanto tempo ele ainda tem.
Daniel largou tudo e correu.
Encontrou o pai fraco, já sem forças.
— Por que não me contou que estava doente? — perguntou, chorando.
Com um sorriso cansado, o pai respondeu:
— Porque eu queria que você vivesse sua vida… sem se sentir culpado. Sempre tive orgulho de você.
Daniel não disse nada. Apenas segurou a mão dele. E ficou ali, até o fim.
Na saída do hospital, encontrou uma carta no banco do carro.
Era dele.
“Se você está lendo isso, é porque já não estou mais aí.
Mas não fique triste.
Eu dei o melhor de mim enquanto estive ao seu lado.
E mesmo quando a distância chegou, nunca deixei de te acompanhar, em silêncio.
Só queria que você fosse feliz.
E, se um dia tiver um filho, não deixe que o tempo roube momentos que o amor poderia viver.
Amor não se mede pela presença… mas pelo coração.”

Daniel voltou para casa diferente.
Desde então, nunca mais deixou de ligar para a mãe.
E todas as noites, fazia questão de abraçar o filho antes de dormir.
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🔴 Reflexão:
A gente sempre acha que tem tempo.
Mas um dia, o tempo se vai — e com ele, o que deixamos para depois.
Ligue. Visite. Abrace. Diga o que sente.
O amor não espera. E quem te ama… muitas vezes, ama em silêncio.