Bolsonaro pede arquivamento de inquérito que apura suposta tentativa de interferência na PF
O presidente Jair Bolsonaro pediu o arquivamento do inquérito sobre a suposta tentativa dele de interferir politicamente na Polícia Federal. O presidente se convidou, nesta segunda-feira (25), para visitar o procurador-geral da República, depois de uma cerimônia no prédio da PGR.

A cerimônia foi por videoconferência. O procurador-geral da República, Augusto Aras, deu posse ao novo chefe da Procuradoria do Cidadão, Carlos Vilhena. Os dois discursaram e acabou. “Declaro encerrada essa solenidade e agradeço a presença de todos que estão aqui e dos senhores que estão pela videoconferência nos acompanhando. Obrigado a todos”, disse Aras.
Mas o presidente Jair Bolsonaro, que acompanhava a videoconferência no Palácio do Planalto, pediu a palavra e se convidou para ir pessoalmente à PGR. “Se me permite a ousadia, se me convidar, vou agora aí apertar a mão desse nosso novo integrante desse colegiado maravilhoso aí da Procuradoria-Geral da República”.
“Estaremos esperando Vossa Excelência com a alegria de sempre”, respondeu Aras. “Agora, estou indo para aí agora”, anunciou o presidente.

O ímpeto do presidente provocou gargalhadas na Procuradoria. No mesmo instante, Bolsonaro deixou o Palácio e, em poucos minutos, já estava na PGR, cumprimentou os presentes e posou para fotos ao lado do procurador-geral.
É Augusto Aras que vai decidir se denuncia o presidente ou pede o arquivamento da investigação sobre a suposta interferência política de Jair Bolsonaro na Polícia Federal. O procurador-geral da República disse que vai se manifestar até o fim da semana sobre o conteúdo do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, e ele ainda pode pedir mais diligências: busca e apreensão de provas, depoimentos.
No fim da tarde, o Planalto divulgou nota assinada pelo presidente Jair Bolsonaro. Entre os pontos da nota, o presidente afirma que diante da recente divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril do corrente ano, nunca interferiu nos trabalhos da Polícia Federal, que são levianas todas as afirmações em sentido contrário, e que os depoimentos de inúmeros delegados federais ouvidos, confirmam que nunca solicitou informações a qualquer um deles; que espera responsabilidade e serenidade no trato do assunto; que por questão de justiça, acredita no arquivamento natural do inquérito que motivou a divulgação do vídeo.

O presidente também reafirmou o compromisso e respeito com a democracia e membros dos poderes Legislativo e Judiciário. Disse, ainda, que “devemos atuar para termos uma verdadeira independência e harmonia entre as instituições da República, com respeito mútuo; e reiterou a sua lealdade e compromisso com os valores e ideais democráticos que o conduziram à Presidência da República”