Weintraub contraria Teich e pede que ‘questionem se precisa da quarentena’
No dia em que o Brasil é apontado como 3º país com mais registros de novas infecções por covid-19, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, pediu hoje que as pessoas “comecem a questionar se precisa ter essa quarentena, seguindo, óbvio, as orientações do Ministério da Saúde”. As recomendações do ministério da Saúde, no entanto, ainda são de manutenção do distanciamento social, nas palavras do titular da pasta, Nelson Teich, ontem em Manaus. Ele afirmou não ser possível relaxar o isolamento enquanto a pandemia no país está em “franca ascensão”.

Weintraub usou o argumento de que há cidades sem registros de contaminados. A falta de testes em massa, no entanto, dificulta o diagnóstico da presença do vírus nas cidades de pequeno e médio porte do país. “Cada cidade tem sua realidade. Acho que tem prefeito que tem que voltar as aulas hoje, acho que tem prefeito que tinha que ter voltado há duas semanas”.

As aulas presenciais estão suspensas em todo o país por decretos estaduais e municipais. O Brasil tem ao menos 7.321 mortes atribuídas à covid-19 e 107.780 casos de pessoas infectadas. Na última semana houve, em média, 16 mortes por hora. A flexibilização da quarentena, por outro lado, é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
As declarações de Weintraub foram feitas durante a participação do ministro em uma live do youtuber Alessandro Santana, dono do Canal do Negão. Ao falar sobre a paralisação das aulas e o ano letivo de 2020, o ministro declarou ainda que a manutenção da data do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) “é uma pressão para os governadores e prefeitos se mexerem”.
se mexerem”. “Não vai poder botar a culpa no governo federal falando que o ano está perdido. O ano não está perdido. Tem que lutar, tem que tentar salvar esse ano das crianças, do Brasil, de todo mundo”, disse. Apesar da crise sanitária e da suspensão das aulas, o governo Jair Bolsonaro (sem partido) defende a realização do Enem em novembro. Hoje, Weintraub acusou “a esquerda” de agir para que o exame não aconteça. “Esse ano de novo começaram a falar que não vai ter Enem. Porque se você tira o Enem, pega um cara de 17, 18 anos, que está em casa, não tem emprego. Ou ele está estudando para o Enem ou é oficina do diabo. A gente tem que dar perspectiva. Se não tiver, você deixa esse jovem ser facilmente cooptado pelo crime ou pelos movimentos sociais organizados”, afirmou. Entidades estudantis pedem o adiamento do exame e secretários de educação defendem ser necessário aguardar a volta das aulas em todo o país para definir o calendário das provas. Eles argumentam que muitos alunos não têm acesso a aulas a distância para estudar para o Enem durante a paralisação das atividades presenciais.

Uma decisão liminar (isto é, provisória) da Justiça Federal de São Paulo chegou a determinar que o calendário do Enem fosse alterado para ser adequado à realidade do ano letivo de 2020 após a pandemia do novo coronavírus. A decisão, no entanto, foi derrubada pelo TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), que acatou um recurso do governo.
Fonte: UOL.